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"Michael Jackson Foi Vítima de Conspiração?" 4º parte

Michael Jackson Foi Vítima de uma Conspiração? - Quarta Parte

Título original: "Was Michael Jackson Framed?"

Por Mary Fischer
Fonte: GQ Magazine, 1994
Créditos a MJ Beats
Traduzido por Ghost
Revisado por Niemand

O tempo todo, June Chandler Schwartz rejeitou as acusações que Chandler estava fazendo contra Jackson - até uma reunião com a polícia no final de agosto de 1993. Os oficiais Sicard e Rosibel Ferrufino fizeram uma declaração que começou a mudar sua mente. "[Os oficiais] admitiram que eles tinham apenas um menino", diz Freeman, que participou da reunião, "mas eles disseram: 'Estamos convencidos de que Michael Jackson molestou este menino porque ele se encaixa perfeitamente no perfil clássico de um pedófilo’".
"Não existe esse tal perfil clássico. Cometeram um erro completamente estúpido e ilógico", diz o Dr. Ralph Underwager, um psiquiatra de Minneapolis que tem tratado de pedófilos e vítimas de incesto desde 1953. Jackson, acredita, "pagou" por causa de "equívocos como estes, que puderam passar por fato em uma era de histeria". Na verdade, como um estudo do Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos EUA mostra, muitas alegações de abuso sexual infantil – 48% daquelas registradas em 1990 – eram comprovadamente infundadas.
“Era só uma questão de tempo antes que alguém como Jackson se tornasse um alvo", diz Phillip Resnick. "Ele é rico, excêntrico, vive rodeado de crianças e essa é a fragilidade dele. A atmosfera é tal que uma acusação ia mesmo acontecer".
As sementes do acordo começaram a ser semeadas à medida em que a investigação policial prosseguia em ambos os municípios através do outono de 1993. E a batalha de bastidores entre os advogados de Jackson pelo controle do caso, o que acabaria por alterar o curso da defesa, havia começado.
Nessa época, June Chandler Schwartz e Dave Schwartz tinham se unido a Evan Chandler contra Jackson. A mãe do menino, dizem várias fontes, temia pelo que Chandler e Rothman poderiam fazer se ela não ficasse do lado deles. Ela se preocupava com a possibilidade de enfrentar uma acusação por negligência por ter permitido que seu filho passasse noites com Jackson. Seu advogado, Michael Freeman, por sua vez, pediu demissão por desgosto, dizendo mais tarde que “a coisa toda era uma confusão. Eu me sentia desconfortável com Evan. Ele não é uma pessoa autêntica e eu sentia que ele não estava fazendo as coisas do modo certo”.
Ao longo dos meses, os advogados de ambos os lados foram contratados e demitidos enquanto lutavam sobre a melhor estratégia a ser tomada. Rothman deixou de representar Chandler no final de agosto, quando foram apresentadas por Jackson as acusações de extorsão contra os dois. Ambos, então, contrataram caros advogados criminalistas de defesa para representá-los. (Rothman contratou Robert Shapiro, que agora é o principal advogado de defesa de OJ Simpson). De acordo com o diário da ex-colega de Rothman, em 26 de agosto, antes das acusações de extorsão serem apresentadas, ela ouviu Chandler dizer "É o meu (censurado) que está em perigo e correndo risco de ir para a prisão." As investigações acerca das acusações de extorsão foram superficiais, porque, segundo uma fonte, "a polícia nunca as levou a sério. Mas muito mais poderia ter sido feito." Por exemplo, como haviam feito com Jackson, a polícia poderia ter emitido mandados de busca para as residências e escritórios de Rothman e Chandler. E quando ambos, através de seus advogados, se recusaram a ser entrevistados pela polícia, um grande-júri poderia ter sido convocado.
Pela metade de setembro, Larry Feldman, advogado civil que tinha sido presidente da Associação dos Advogados de Tribunal de Los Angeles, começou a representar o filho de Chandler e imediatamente assumiu o controle da situação. Ele entrou com uma ação civil de US$30.000.000,00 contra Jackson, o que viria a ser o começo do fim.
Depois que a notícia da ação se espalhou, os lobos começaram a se amontoar na porta. De acordo com um membro da equipe de advogados de Jackson, "Feldman recebeu dezenas de cartas de todos os tipos de pessoas dizendo que haviam sido molestadas por Jackson. Foram a todos eles tentando encontrar alguém, e não encontraram ninguém".
Com a possibilidade de acusações criminais contra Jackson agora iminente, Bert Fields trouxe Howard Weitzman, um conhecido advogado criminalista de defesa com uma série de clientes famosos - incluindo John DeLorean, cujo julgamento ele ganhou, e Kim Basinger, cuja disputa do contrato com o Boxing Helena ele perdeu. (Além disso, por um curto período em Junho deste ano, Weitzman foi advogado de OJ Simpson). Alguns previram um problema entre os dois advogados no início. Não havia espaço para dois fortes advogados acostumados a protagonizar seus próprios shows.
Desde o dia em que Weitzman se juntou à equipe de defesa de Jackson, "ele falava de um acordo", disse Bonnie Ezkenazi, um advogado que trabalhou para a defesa. Com Fields e Pellicano ainda no controle da defesa de Jackson, eles adotaram uma estratégia agressiva. Eles acreditavam incondicionalmente na inocência de Jackson e juraram lutar contra as acusações no tribunal. Pellicano começou a reunir evidências para usar no julgamento, que estava marcado para 21 de março de 1994. "Eles tinham um caso muito fraco", diz Fields. "Nós queríamos lutar. Michael queria lutar e passar por um julgamento. Nós sentimos que poderíamos ganhar".
As divergências no time de Jackson aceleraram em 12 de novembro, depois que o porta-voz de Jackson anunciou numa conferência de imprensa que o cantor cancelaria o restante de sua turnê mundial para entrar em uma clínica de reabilitação para tratar seu vício em analgésicos.
Posteriormente, Fields disse aos jornalistas que Jackson quase não "estava capaz de agir adequadamente em um nível intelectual." Outros do time de Jackson acharam que era um erro retratar o cantor como um incapaz. "Foi importante", diz Fields, "dizer a verdade. [Larry] Feldman e a imprensa assumiram a posição de que Michael estava tentando se esconder e que foi tudo uma farsa. Mas não foi."
Em 23 de novembro, os atritos chegaram ao máximo. Com base em informações que ele afirma ter recebido de Weitzman, Fields disse em um tribunal cheio de repórteres que uma acusação criminal contra Jackson parecia iminente. Fields teve uma razão para fazer essa declaração: Ele estava tentando atrasar a ação civil do menino constatando que havia um caso criminal que deveria ser julgado primeiro. Fora do tribunal, os repórteres perguntaram por que Fields fez o anúncio, ao que Weitzman respondeu essencialmente que Fields “se confundiu". O comentário enfureceu Fields, "porque não era verdade", ele disse. "Foi um ultraje. Fiquei muito chateado com Howard", Fields.

"Havia esse grande grupo de pessoas querendo fazer coisas diferentes, e era como se mover através de areia movediça para obter uma decisão", diz Fields. "Era um pesadelo, e eu queria dar o fora dele". Pellicano, que havia recebido seu quinhão de críticas pela sua conduta agressiva, pediu demissão ao mesmo tempo.
Com Fields e Pellicano fora, Weitzman trouxe Johnnie Cochran Jr., um advogado civil bem conhecido que agora está ajudando a defender OJ Simpson. E John Branca, que havia sido substituído por Fields como conselheiro geral de Jackson em 1990, estava de volta ao conselho. No final de 1993, como promotores convocaram grande júris em Santa Barbara e Los Angeles para avaliar se acusações criminais deveriam ser apresentadas contra Jackson, a estratégia de defesa mudou de rumo e a conversa sobre um acordo no caso civil começou a ficar séria, apesar da nova equipe também acreditar na inocência de Jackson.
Por que os advogados de Jackson concordariam em resolver o caso fora dos tribunais, dadas as alegações de inocência dele e as evidências questionáveis contra ele? Seus advogados, aparentemente, decidiram que havia muitos fatores que iam de encontro à idéia de levar o caso civil aos tribunais. Entre eles estava o fato de que a fragilidade emocional de Jackson seria testada pela cobertura agressiva da mídia que, provavelmente, seria como uma praga para o cantor, dia após dia, durante um julgamento que poderia durar até seis meses. Política e questões raciais haviam também se infiltrado em procedimentos legais - em especial em Los Angeles, que ainda estava se recuperando do calvário de Rodney King – e a defesa temia que não se pudesse confiar em um tribunal para obter justiça. Então, também, havia a composição do júri a ser considerada.
Como um advogado disse: "Eles achavam que os hispânicos poderiam ter ressentimentos [de Jackson] pelo seu dinheiro, os negros poderiam ressentir-se dele por tentar ser branco, e brancos teriam problemas para contornar a questão de abuso sexual." Na opinião de Resnick, "A histeria é tão grande e o estigma [do abuso sexual de crianças] é tão forte, que não existe defesa contra isso.”
Os advogados de Jackson também estavam preocupados com o que poderia acontecer se um processo criminal se seguisse, principalmente em Santa Bárbara, que é uma comunidade de maioria branca, conservadora, de classes média e alta. De qualquer modo que a defesa olhasse para isso, um julgamento civil parecia ser uma aposta muito alta. Através do cumprimento dos termos de um acordo civil, segundo fontes, os advogados acharam que poderiam evitar um julgamento criminal através de um entendimento tácito de que Chandler concordaria em fazer com que seu filho não testemunhasse.
Outras pessoas próximas ao caso disseram que a decisão de fazer o acordo provavelmente também tinha a ver com outro fator - a reputação dos advogados. "Você pode imaginar o que aconteceria a um advogado que perdesse o caso de Michael Jackson?" diz Anthony Pellicano. "Não há nenhuma maneira de todos os três advogados saírem vencedores, a menos que façam um acordo. A única pessoa que sai perdendo é Michael Jackson." Mas Jackson, diz Branca, "mudou de idéia [sobre levar o caso a julgamento], quando ele retornou a este país. Ele não tinha visto a cobertura massiva do caso e o quanto ela era hostil. Ele só queria que a coisa toda acabasse."
Por outro lado, as relações entre os membros da família do menino tinham se tornado amargas. Durante uma reunião no escritório de Larry Feldman no final de 1993, Chandler, diz uma fonte, "perdeu o controle e bateu em Dave [Schwartz]". Schwartz, que estava separado de June a esta altura, foi ficando de fora das decisões que afetavam seu enteado, e ele tinha ressentimentos de Chandler por ele ter levado o menino e não devolvido.
“Dave ficou furioso e disse a Evan que, de qualquer modo, tudo não passava de extorsão, nessa hora, Evan se levantou, se aproximou de Dave e começou a bater nele", diz uma segunda fonte.

Para qualquer um que tenha morado em Los Angeles em janeiro de 1994, havia dois assuntos principais para discussões - o terremoto e o acordo de Jackson. Em 25 de janeiro, Jackson concordou em pagar ao menino uma quantia não revelada. Um dia antes, os advogados de Jackson retiraram as acusações de extorsão contra Chandler e Rothman.
O valor real do acordo nunca foi revelado, embora se especule que tenha sido cerca de US$ 20.000.000,00. Uma fonte diz que Chandler e June Chandler Schwartz receberam mais de US$ 2.000.000,00 cada, enquanto o advogado Feldman poderia ter recebido até 25 por cento em honorários. O restante do dinheiro está sendo guardado para o garoto e será pago sob a supervisão de um procurador apontado pela corte.
"Lembre-se, este caso sempre disse respeito a dinheiro", diz Pellicano, “e Evan Chandler acabou recebendo o que ele queria." Desde então Chandler ainda tem a custódia de seu filho, fontes afirmam que, logicamente, isso significa que o pai tem acesso a qualquer dinheiro que seu filho receba.
No final de maio de 1994, Chandler, finalmente, parecia estar fora da odontologia. Ele tinha fechado seu consultório em Beverly Hills, citando uma perseguição constante por parte dos fãs de Jackson. Sob os termos do acordo, Chandler, aparentemente, está proibido de escrever sobre o caso, mas seu irmão, Ray Charmatz, estaria tentando conseguir um contrato para um livro.
No que pode vir a ser o caso que nunca termina, em agosto passado, tanto Rothman quanto Dave Barry Schwartz (dois dos participantes principais do caso que foram deixados de fora do acordo) apresentaram ações civis contra Jackson. Schwartz afirma que o cantor destruiu sua família. A ação de Rothman alega difamação e calúnia por parte de Jackson, assim como de sua equipe de defesa original - Fields, Pellicano e Weitzman - pelas acusações de extorsão. "A acusação [ de extorsão]", diz Aitken, advogado de Rothman, "é totalmente falsa. O Sr. Rothman foi ridicularizado publicamente, foi objeto de uma investigação criminal e sofreu perda financeira." (Presumivelmente, uma das perdas financeiras de Rothman foram os altos honorários que ele teria recebido se tivesse continuado como advogado de Chandler na época do acordo).
Quanto a Michael Jackson, "ele está continuando com a sua vida", diz o porta-voz Michael Levine. Agora casado, Jackson também gravou recentemente três novas canções para mais um álbum de grandes sucessos e completou as gravações de um novo vídeo chamado "History".
E o que aconteceu com a investigação massiva de Jackson? Depois de milhões de dólares terem sido gastos por promotores e pela polícia em duas jurisdições, e depois de dois grandes júris terem questionado cerca de 200 testemunhas, incluindo 30 crianças que conheciam Jackson, não foi encontrada uma única testemunha que corroborasse as acusações.
Em Junho de 1994, ainda determinado a encontrar ao menos uma testemunha, três promotores e dois detetives da polícia voaram para a Austrália para questionar de novo Wade Robson, o garoto que havia admitido ter dormido na mesma cama com Jackson. Mais uma vez, o rapaz disse que nada de ruim havia acontecido.
As únicas acusações levantadas contra Jackson, então, continuam a ser aquelas feitas por um único menino, e só depois dele ter sido injetado com uma potente droga hipnótica, deixando-o suscetível a sugestões.
"Achei o caso suspeito", diz o Dr. Underwager, o psiquiatra de Minneapolis, "precisamente porque a única evidencia veio de um menino. Isso seria altamente improvável. Pedófilos reais têm uma média de 240 vítimas em toda sua vida. É uma doença progressiva. Eles nunca estão satisfeitos".
Dadas as frágeis evidências contra Jackson, parece improvável que ele fosse considerado culpado. As pessoas são livres para especular como quiserem e a excentricidade de Jackson o deixa vulnerável à probabilidade de que o público tenha assumido o pior sobre ele.
Assim, é possível que Jackson não tenha cometido nenhum crime - que ele seja o que sempre pretendeu ser, um protetor, e não um molestador de crianças? O advogado Michael Freeman pensa assim: "Eu sinto que Jackson não fez nada de errado e essas pessoas [Chandler e Rothman] viram uma oportunidade e planejaram isso. Eu acredito que tenha sido tudo por dinheiro."
Para alguns observadores, a história de Michael Jackson ilustra o perigoso poder de uma acusação, contra a qual, muitas vezes, não há defesa - especialmente quando as denúncias envolvem abuso sexual infantil.
Para outros, algo mais está claro agora - que a polícia e os promotores gastaram milhões de dólares para criar um caso cujo fundamento nunca existiu.

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