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Julgamento de Michael Jackson: para começar, conheça os personagens.

Você quer entender os caos envolvendo Michael Jackson? Conheça os personagens desta trama.

Por Daniela Ferreira

Caso Chandler (1993):




Evan Chandler: O primeiro da esquerda para direita, fotografado aqui ao lado da esposa, Monique, e os filhos, Jordan Chandler e Nikk, desfrutando os milhões que extorquiu de Michael Jackson (não pude evitar dizer).
Batizado como Evan Robert Scharmatz, era um dentista que sonhava ser roteirista de Hollywood. Mudou o nome para Chandler porque Scharmatz “soava muito judeu”, na opinião dele e prejudica seus planos de ser um roteirista. Foi Evan que, embora tenha sempre afirmado que nunca viu nada de errado acontecer, passou a acusar Michael Jackson de molestar Jordan.
Jordan Chandler: Filho de Evan e June Chandler é o primeiro à direita. Conheceu Michael aos 12 anos de idade, após diversas tentativas de aproximação, desde que tinha 3 anos. Jordan alegou ter sido molestado por Michael somente após ter sido drogado por Evan.


June Chandler: Mãe de Jordan Chandler, ex-mulher de Evan e casada com Dave Schwartz na época das acusações, embora não vivessem mais juntos. Ela ficou ao lado de Michael até 45 minutos do segundo tempo e mudou para o lado de Evan quando sentiu que poderia ser prejudicada por ele.



Dave Schwartz: padrasto de Jordan Chandler e pai de Lilly. Ele teve uma conversa muito reveladora com Evan sobre os planos deste contra Michael. Dave Schwartz gravou a conversa e alertou Michael sobre Evan, porém, no fim, ele também veio a processar Michael Jackson, querendo, ele mesmo, alguns milhões, já que ele não levou nada do que Evan conseguiu arrancar de Michael.



Barry Rothman: (à esquerda) primeiro advogado contratado por Evan para processar Michael. Na verdade, foi uma troca de serviços odontológicos por advocatícios. O próprio Evan se referiu a Rothman, na conversa com Dave Schwartz, como “o mais sórdido, canalha, sem escrúpulo filho da puta que ele pode encontrar”.



Gloria Allred: advogada que substituiu Rothman, após a lista de acusações contra ele se divulgada. (Evan teve que se livrar de Rothman). Ela trabalhou no caso por 24 horas, mas foi demitida após dizer à imprensa que Jordan queria testemunhar, que ele queria um julgamento. Bem, parece que os Chandlers não queriam julgamento nenhum e Gloria foi advertida a não falar mais sobre o caso, pelo todo poderoso advogado Larry Feldman, que a substituiu.



Larry Feldman: o advogado civil que acabou por processar Michael Jackson, em nome dos Chandlers, pedindo a indenização milionária. Larry Feldman lutou muito para conseguir que o processo civil não fosse suspenso, evitando, assim, que o julgamento criminal viesse primeiro e destruísse os planos deles de um acordo financeiro muito lucrativo.

Mathis Abrams: foi o psiquiatra que fez a denuncia contra Michael Jackson ao Departamento de Serviços às Crianças e à Família de Los Angeles, depois de uma entrevista com Jordan Chandler, na qual o adolescente contou uma estória sobre abusos sexuais envolvendo ele e o cantor. Mathis Abrams também foi quem enviou um e-mail a Evan Chandler com uma espécie de carta-parecer, depois que Barry Rothman lhe consultou na base do “E se isto ou aquilo estivesse acontecendo, o que seria?”, Evan usou a carta de Abrams para tentar chantagear Michael. Mathis Abrams, no entanto, não é especialista no assunto em abusos sexuais infantis, não era um pediatra e nunca teve a chance de consultar Michael, nem mesmo voltou a falar com Jordan. A denúncia foi feita porque era obrigação dele, pois todo médico que tome conhecimento de uma suspeita de violência contra um menor, por mais improvável que seja, tem o dever de denunciar.


Richard Gardner: O maior especialista em pedofilia, incesto e acusações falsas de abuso dos Estados Unidos. Gardner foi chamado por Larry Feldman para entrevistar Jordan Chandler e, por lógica, a opinião dele, como maior especialista no assunto, seria importantíssima. No entanto, ele foi dispensado, o que nos leva a crer que a opinião dele foi desfavorável aos interesses dos Chandlers.




Stanley Katz: psiquiatra presidente do instituto responsável pelas investigações no caso McMartin, o maior caso envolvendo acusações (falsas) de abuso sexual infantil dos Estados Unidos. Katz tinha uma longa parceria com Larry Feldman e a opinião dele foi favorável aos Chandlers. Ele foi chamado para avaliar a entrevista que Jordan deu a Gardner, quando o mais lógico seria considerar a opinião do próprio Gardner.



Anthony Pellicano: investigador particular contratado por Michael para descobrir as tramas de Evan Chandler. Pellicano só aceitou o trabalho depois de conversar com Jordan e ter certeza de que Michael era inocente. Jordan Chandler negou, quando questionado insistentemente por Pellicano, que Michael o tivesse tocado ou feito qualquer coisa inapropriada.


Bert Fields: primeiro advogado de Michael no caso. Fields queria lutar até o fim e provar a inocência de Michael. Totalmente contra um acordo, Fields foi criticado por especialistas jurídicos por isso, pois eles acreditavam que o acordo era a melhor solução. Fields lutou para ter o processo civil suspenso, para que uma decisão na esfera criminal ocorresse primeiro.  Ele acabou se desentendo com outros do time de defesa e renunciou. Porém, ele continuou a defender Michael publicamente.



Howard Weitzman: também advogado de Michael, foi responsável pela renúncia de Fields, ao dizer que Fields tinha cometido um equívoco ao dizer que o processo criminal contra Michael era iminente. Na verdade, não era iminente, mas Fields não estava de todo errado, porque, embora não iminente, o processo criminal era possível e por esta razão ele pediu a suspensão do processo civil.



Johny Cochran: advogado que substituiu Fields a pedido de Witzman. Ele é amigo de Larry Feldman, a quem já defendeu em processos disciplinares, e já entrou no time de defesa falando em um acordo.


Geraldine Hughes: secretária de Barry Rothman, autora do Livro Redenção: A verdade por trás das acusações contra Michael Jackson. Ela sabia de toda a trama.


Thommas Sneddon Jr.: Promotor Distrital de Santa Barbara que perseguiu Michael Jackson por mais de 13 anos. Sneddon tem o apelido de “cachorro louco” pela forma obsessiva como ele operava, acusado de processos maliciosos, perseguição, abuso de poder, violação de direitos civil, prisões ilegais, má-conduta profissional diversas vezes, ele escapou ileso, devido ao poder que adquiriu ao longo da vida. Atualmente ainda há aqueles que lutam por uma punição contra Sneddon.


Amytal Sódico: sim, ele é um importante personagem desta trama. Uma droga de uso psiquiátrico, conhecida, erroneamente, como soro da verdade, mas que, de fato, causa extrema confusão mental, deixando o paciente altamente inclinado à sugestão, foi aplicado em Jordan Chandler pelo dentista-anestesista Mark Torbiner, a pedido de Evan Chandler e, somente depois o uso dessa droga, as acusações surgiram.


Caso Arvizo:



Martin Bashir: jornalista britânico que fez o infame documentário Living With Michael Jackson. A desonestidade de Bashir na edição do documentário lhe rendeu uma punição por parte da Associação Jornalística de Londres e críticas até mesmo entre os colegas de imprensa. LWMJ foi o que levou uma professora americana a fazer uma denúncia contra Michael Jackson ao Departamento de serviços às Crianças e à Família de Los Angeles.



Janet Arvizo: mãe de Gavin Arvizo, a alegada vítima do caso de 2003-2005. Uma mulher desiquilibrada que tramou diversos golpes ao longo da vida, incluindo contra a loja JC Penny, a qual processou, alegando ter sido agredida pelos seguranças, após eles terem pegado Gavin com mercadoria furtada. Embora vítima de uma farsa, a JC Penny pagou um acordo de mais de 100 mil dólares a Janet o que não a impediu de continuar pedindo ajuda para custear o tratamento de saúde de Gavin (embora o plano de saúde do pai já pagasse, inteiramente, por isso) nem de receber assistência governamental destinada a famílias incapazes de prover o próprio sustento.




Gavin Arvizo: o adolescente que aparece no documentário LWMJ ao lado de Michael, dizendo que uma vez pediu ao cantor para dormir no quarto dele e que Michael permitiu, cedendo a cama para ele e dormindo no chão. Em consequência da denúncia feita por uma professora que assistiu ao documentário e não gostou do que viu. O Departamento de Serviços às Crianças e à Família abriu investigações. Gavin e toda a família foram ouvidos e negaram qualquer atitude reprovável por parte de Michael Jackson. Gavin tinha câncer e foi condenado pelos médicos; como último desejo de um moribundo ele fez uma lista de celebridades que gostaria de conhecer, entre elas, Michael Jackson. Michael viria a ajudar Gavin na recuperação dele, ao ponto de a família Arvizo atribui ao cantor o “milagre” da recuperação do adolescente. O que Michael não sabia é que a doença de Gavin foi usada para atrair as pessoas contra quem a família tramava; entre elas os comediantes Geroge Lopez, Chris Tucker, Jamie Masada entre outras pessoas.



Star Arvizo: irmão caçula de Gavin, fotografado, aqui, já adulto, tinha 10 anos na época das acusações. Ele se dizia testemunha ocular dos supostos abusos. O testemunho de Star foi tão repleto de contradições que deixou os membros do júri estupefatos.
Davellin Arvizo: irmã mais velha de Gavin e mais uma participar dos esquemas armados pela mãe. Ela também negou qualquer conduta ruim de Michael ao DSCF de Los Angeles e defendeu Michael em entrevistas, mas mudou de ideia, é claro, como o resto da família.


David Arvizo: pai de Gavin. Ele era casado com Janet Arvizo quando Michael Jackson foi atraído para a teia dela, mas o casal se divorciou logo depois que Janet recebeu a indenização da JC Penny. O curioso é que, durante o processo contra a JC Penny, Janet afirmou que David era o melhor marido do mundo e que ele jamais a machucaria. Logo depois, ela acusou David de espanca-la e espancar as crianças; disse que ele era um demônio e que tinha molestado a filha, Davellin, quando ela tinha 4 anos. Acusações de abuso sexual, agressões e cárcere privado eram rotineiras na vida de Janet Arvizo. David não se defendeu no processo e foi proibido de se aproximar dos filhos. Ele disse que Michael era inocente e que Janet controlava as crianças.


Larry Feldman: exatamente, ele de novo. Feldman foi procurado pela família Arvizo por indicação do advogado William Dickerman. Os dois fizeram um trato: Larry processava MJ e dividia com Dieckerman os “lucros”. Mas os Arvizos procuraram Dickerman para processar Martin Bashir, não Michael, porém, depois de um “incentivo” de Feldman, eles decidiram processar Michael, pedindo uma indenização milionária.


Stanley Katz: Surpreso por isso? Stanley Katz foi, novamente, peça fundamental neste tabuleiro. O testemunho dele ao grande júri foi decisivo no indiciamento de Michael. Katz tinha muito a ganhar, pois ele e Larry tinha um acordo financeiro: Larry lhe enviava pacientes e recebia de volta clientes com acusações de abuso sexual. Katz ficava com 10% do que Feldman conseguia com o processo civil. Katz, também, pode ter sido que informou ao promotor Tom Sneddon de que havia uma prova forte para a defesa no escritório do detetive Brad Miller, que trabalhava para o advogado de Michael, Mark Geragos.  Miller era paciente de Katz e por essa razão, ele deveria ter declinado de trabalhar no caso, pois era médico de pessoas que estavam envolvidos em uma disputa, em lados opostos. Sneddon invadiu o escritório de Miller e levou a fita de uma entrevista na qual os Arvizos negam os abusos. O ato foi ilegal, mas a acusação desenvolveu toda a teoria dela em cima dessa fita.  Stan Katz pode ter violado do dever ético dele, ao revelar informações de um paciente, mas ele foi protegido pelo juiz e pelo promotor durante o interrogatório e não teve que se explicar.

Thomas Sneddon Jr.: Ele de novo, o Promotor Distrital de Santa Barbara, que perseguiu Michael Jackson por mais de 13 anos. Sneddon, em primeiro momento, arquivou o caso, mas o reabriu após contatos com Larry Feldman. Eles se convenceram de que era melhor arquivar o processo covil e tentar uma condenação crimina e, depois, conseguir a indenização sem ter que gastar com um processo, uma vez que o Estado já teria feito isso. Ele se encontrou com Janet Arvizo em estacionamentos e prometeu a ela conseguir coloca-la em programas de apoio a vítimas, para que ela desistisse do caso civil, para que não ficasse a ideia de que era tudo por dinheiro. Sneddon acusou MJ de 10 crimes, uma prática comum do promotor, que fazia o máximo de acusações possíveis para ficar quase impossível uma absolvição total. O ódio de Sneddon por Michael Jackson era visível e inegável.



Thomas Mesereau Jr.: Brilhante advogado que defendeu Michael com todas as forças de que dispunha. Mesereau é um exemplo de advogado ético, competente, honesto e se tornou, ele também, uma figura muito queria entre os fãs. Ele continua expondo a opinião dele sobre MJ, hoje, se referindo ao cantor como a pessoa mais gentil, sincera e brilhante que ele conheceu. Além de afirmar, categoricamente, que ele acredita na inocência de Michael completamente.

Agora que você conhece os personagens principais, podemos passar aos testemunhos do julgamento de 2005, mas antes, um breve resumo dos acontecimentos.


 

1.                Em 1993 Michael foi processado pelos Chandlers e pôs fim ao processo civil com um acordo financeiro.
2.                Em 2003, Michael foi posto em contato com Gavin Arvizo, depois que soube que, o adolescente que estava morrendo em razão de um câncer raro, queria conhece-lo.
3.                Michael ajudou a família Arvizo de todas as formas possíveis: doando dinheiro para o tratamento, custeando transportes, (até deu um carro a eles), fazendo campanha para arrecadar sangue para Gavin e recebendo-os na casa dele, Neverland.
4.                O relacionamento começou a degringolar quando Michael percebeu que os Arvizos eram aproveitadores.
5.                Embora já estivesse tentando cortar contato coma família, Michael concordou que Gavin participasse do documentário LWMJ.
6.                O documentário gerou a denúncia e a família Arvizo foi entrevistada pelo DSCF de LA, negando qualquer abuso.
7.                Michael teve que receber os Arvizos de volta na vida dele, depois do drama que Janet fez, dizendo que a imprensa os estava perseguindo. A família Arvizo se hospedou em Neverland, novamente.
8.                Janet Arvizo queria processar Martin Bashir e queria dinheiro pela entrevista que fez em defesa de Michael, mas quando soube que não receberia nada, ela se voltou contra MJ.
9.                Janet decide processar MJ, pedindo indenização, após o encontro com Feldman e as entrevistas com Katz.
10.            O processo civil foi arquivado e Sneddon saiu dos bastidores para comandar a trama, ele mesmo.
11.            Um mandado de busca contra Neverland foi expedido e um mandado de prisão contra Michael Jackson também.
12.            Michael foi preso no dia 21 de novembro de 2003.
13.            Michael foi indiciado pelo grande júri por 10 acusações criminais no dia 18 de dezembro de 2004.
14.           O julgamento teve início em 28 de fevereiro de 2005 e foi encerado em 13 de jundo de 2005.



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